Em “Estudantes por Empréstimo” o teatro serve de instrumento à democratização da política. O público abandona as cadeiras para ser parte activa da cena, desconstruir o fim da peça e encontrar soluções para os problemas financeiros dos estudantes do Ensino Superior. José Soeiro quer levar as propostas saídas deste teatro legislativo à Assembleia da República.
“Toda a gente pode fazer política, até os políticos”. A frase de José Soeiro é versada numa outra afirmação polémica: “Toda a gente pode fazer teatro, até os actores”, de Augusto Boal, actor, encenador e dramaturgo brasileiro, responsável pelo nascimento do Teatro do Oprimido. Na verdade, a encenação faz parte da vida do deputado do Bloco de Esquerda há já alguns anos e por isso, José Soeiro quis fundir as duas vertentes da sua vida.
“Este projecto [“Estudantes por Empréstimo”] surgiu da vontade de aplicar a metodologia do Teatro do Oprimido à política”, ou seja, “versar sobre o problema das pessoas e tentar encontrar ideias criativas para o resolver”, declara José Soeiro. E assim nasceu o primeiro projecto nacional de teatro legislativo, uma espécie de “teatro-fórum”, uma tentativa de “democratizar a política parlamentar”.
A história de “Estudantes por Empréstimo” é a história de “milhares de estudantes em todo o país”. “Surgiu durante um fórum de alunos universitários, quando se abordaram as dificuldades relativas à Acção Social e ao sistema de empréstimos no Ensino Superior”, recorda o deputado do BE.
Neste espectáculo a peça não tem um final escrito. Depois de concretizada a encenação lança-se a questão ao público: “O que é que podemos fazer? Como é que o problema pode ser resolvido?”. É então que as pessoas “são obrigadas a sair da cadeira”, “a transformarem-se em espect-actores” e a criar novos argumentos, novos cenários, com base na legislação nacional.
E, é deste modo, “através do comportamento individual, mas da acção colectiva”, que se encontram soluções para o problema, explica José Soeiro.
Repensar a legislação / resolver o problema
É nesta dupla componente – política e social – que reside o cerne do projecto. Após as sessões até agora realizadas (apresentação pública do projecto decorreu no passado dia 1, no Porto), há já “uma série de propostas e dezenas de sugestões de leis que são necessárias criar”.
Convocar assembleias, contactar os serviços de Acção Social e reunir com a reitoria foram alguns dos finais sugeridos. Os espectadores propuseram ainda que se aumentasse a transparência na Acção Social e a informação sobre os critérios da Acção Social, uma mudança da capitação média e um reforço das verbas. “As ideias surgem de uma forma muito envolvente, porque as pessoas reconhecem-se e projectam-se na peça”, justifica José Soeiro.
Estas sugestões serão transformadas em propostas que o Bloco de Esquerda apresentará na Assembleia da República. O deputado quer ainda convidar os participantes neste projecto a ir à Assembleia, no próximo mês de Maio, para discutir o assunto.
Via estudantesporemprestimo.blogspot.com notícia do Jornal UP - Universidades e Politécnicos
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